curso
a antropologia
A Antropologia investiga a vida social em diferentes culturas ou sociedades humanas, conformando uma ampla área de conhecimento que abrange estudos sobre parentesco e organização social, política e economia, ritual e religião, corpo e pessoa, práticas de conhecimento, arte e simbolismo. A originalidade da Antropologia como Ciência Social reside em seu interesse pelo caráter multifacetado dos fenômenos coletivos e provém tanto de seu método etnográfico de trabalho de campo intensivo como de sua abordagem comparativa de fenômenos coletivos em diferentes contextos culturais e sociais.
Além do desenvolvimento da pesquisa científica, vê-se uma demanda crescente por profissionais com a formação antropológica para atuar em órgãos públicos, em organizações não-governamentais, como peritos e consultores, na elaboração de laudos e outros tipos de estudos que subsidiem propostas de intervenção teórica e eticamente qualificadas.
objetivos
Formar pesquisadores qualificados na produção de conhecimento científico e aplicado, eticamente comprometidos com a justiça social e o reconhecimento da diversidade cultural;
Conjugar disciplinas teóricas e atividades de prática de pesquisa, propiciando uma formação básica nas tradições antropológicas e nos debates contemporâneos;
Possibilitar aos estudantes montarem seus próprios “percursos”, de forma responsável e de modo a ganhar autonomia como pesquisador (a) a partir das linhas de pesquisa já existentes no Departamento de Antropologia e do acompanhamento de uma orientação individualizada;
Pensar antropologicamente novos problemas e participar com senso crítico de políticas sociais.
perfil profissional
O curso de graduação em Antropologia tem por objetivo formar um profissional:
- Capaz de atuar na área acadêmica, no ensino e na pesquisa científica.
- Capaz de atuar com pesquisa aplicada, em planejamento, consultoria, formação e assessoria junto a organizações governamentais e não-governamentais, instituições culturais, museus, partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais, comunidades indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.
organização curricular
O curso de graduação em Antropologia é de regime acadêmico semestral, com uma carga horária total de 2.400 horas, que corresponde à carga horária mínima definida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. A duração prevista para a integralização curricular é de 8 períodos letivos, atingindo no máximo 12 períodos. Em consonância com as novas diretrizes curriculares, o curso é composto por 2 eixos disciplinares: Específico e Complementar.
O eixo Específico reúne as disciplinas oferecidas pelo Departamento de Antropologia, que são 23, assim distribuídas: 6 disciplinas teóricas obrigatórias, 4 disciplinas optativas de ênfase, 8 disciplinas optativas e 5 disciplinas de atividades de pesquisa tutoriais. Este eixo corresponde a 1.740 horas, sendo 660 horas de atividades de pesquisa, distribuídas ao longo dos últimos 4 semestres, as quais resultarão na monografia de conclusão de curso.
O eixo Complementar compreende 9 disciplinas oferecidas pelos outros departamentos que constituem o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (Sociologia, Ciência Política e Filosofia), além de Psicologia (Instituto de Psicologia) e História (Instituto de História) e pelas Atividades Complementares. O estudante deverá cursar disciplinas de, pelo menos, três departamentos, ficando a seu critério o número de disciplinas cursadas em cada um deles. Este eixo corresponde a 660 horas, sendo 540 horas de disciplinas optativas e 120 horas de atividades complementares.
Sistematizando as disciplinas e suas respectivas cargas horárias, ao longo do curso de Antropologia, os alunos devem cursar:
- 6 disciplinas teóricas obrigatórias (360h)
- 4 disciplinas optativas de ênfase (240h)
- 8 disciplinas optativas de antropologia (480h)
- 9 disciplinas optativas (de 60h) (sendo obrigatório cursar disciplinas de três das cinco áreas seguintes: História, Filosofia, Ciência Política, Sociologia e Psicologia) (540h)
- 5 disciplinas obrigatórias de pesquisa (660h)
- Atividades complementares (120h)
fluxograma do curso
projeto pedagógico e relatórios de avaliação
história do curso
O ensino de Antropologia em Niterói teve início em 1947, ainda na Faculdade Fluminense de Filosofia, por iniciativa de ex-alunos do professor Arthur Ramos. No ano seguinte, assumiu a cadeira o professor Luiz de Castro Faria, com a colaboração da professora Talita de Oliveira, também ex-aluna de Arthur Ramos. Dentre os alunos da antiga Faculdade Fluminense de Filosofia, que posteriormente deu origem ao Instituto de Ciências Humanas e Filosofia – ICHF e à própria Universidade Federal Fluminense, estavam Roberto da Matta, Alcida Rita Ramos, Júlio César Melatti e Roque de Barros Laraia.
Em 1964, ocorreu a criação do curso de Ciências Sociais, considerado um dos melhores da área no País, e a fundação do Departamento de Ciências Sociais, do qual o professor Luiz Castro Faria foi o primeiro chefe, congregando os professores das áreas de Antropologia, Ciência Política e Sociologia. Com a Reforma Universitária em 1968, disciplinas de Antropologia passaram a ser ensinadas para diversos cursos da UFF, estando presente, em especial, nas grades curriculares dos cursos de Ciências Sociais e de História.
É no campus do Gragoatá que se localiza o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia – ICHF, do qual o Departamento de Antropologia e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia fazem parte. Criado em 1968, o ICHF reúne atualmente os Departamentos de Antropologia, de Ciência Política, de Filosofia e de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais.
Na década de 1970, durante a ditadura militar, o setor de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais sob intervenção foi afetado por cassações brancas e demissões, levando anos para restabelecer seu quadro de professores.
Em 1986, o Departamento de Antropologia foi criado a partir do Departamento de Ciências Sociais, o que deu origem a seu processo de autonomia e levou à constituição de três novos departamentos nos quadros do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF: Antropologia, Sociologia e Ciência Política. A separação do Departamento de Antropologia, ensejada pelos Profs. Roberto Kant de Lima e Marco Antonio da Silva Mello, foi fundamental para a proposição, alguns anos mais tarde, de novos projetos institucionais na área.
Em 2008, o Departamento de Antropologia contava com 14 professores e com o início do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI, passou a acompanhar o crescimento da Universidade Federal Fluminense, ampliando seu corpo docente com a realização de diversos concursos públicos, que estiveram suspensos por dez anos no Departamento.
O Departamento de Antropologia da UFF (GAP), juntamente com o Departamento de Ciência Política, criou o curso de Mestrado em Antropologia e Ciência Política em 1994, abrindo o Curso de Doutorado em 2002. Em 2003 essa associação ganhou um novo arranjo, e cada um desses departamentos assume suas respectivas Pós-Graduações. São criados o Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) – reunindo o Mestrado em Antropologia, criado em 1994, e o Doutorado em Antropologia, criado em 2002 – e o Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP), cada um deles com regimento, coordenação e secretarias próprias.
O notável desenvolvimento da Antropologia nos últimos sessenta anos, no Brasil e em outros países, exigiu que repensássemos o modelo de seu ensino ao nível de Graduação nas Universidades brasileiras. Nestas, como se sabe, data da década de 1930 a criação dos primeiros Cursos de Graduação de Ciências Sociais, baseados em uma articulação de Antropologia, Sociologia e Ciência Política, modelo bastante satisfatório e relevante até recentemente. Entretanto, o desenvolvimento da Antropologia traz em seu bojo a necessidade de uma maior autonomia do campo disciplinar, visando uma formação ao mesmo tempo mais geral e mais aprofundada que faça jus aos novos desafios epistemológicos e às solicitações de participação de antropólogos na sociedade.
Com a experiência da responsabilidade de gestão de suas atividades de ensino e pesquisa, o Departamento de Antropologia avaliou a relevância de um movimento, observado internacional e nacionalmente, no sentido da implantação de Cursos de Graduação em Antropologia. Movimento também observado a partir da multiplicação de programas de pós-graduação na área e do reconhecimento das agências de fomento a pesquisa. Assim, o Departamento de Antropologia da UFF (GAP) considerou fundamental para o fortalecimento do ensino e da pesquisa antropológicas nesta Universidade a criação de seu próprio curso de graduação. Em 2011 foi criado o curso de Bacharelado em Antropologia da UFF, pioneiro no Estado do Rio de Janeiro e um dos primeiros no Brasil, visando oferecer aos estudantes:
- uma formação antropológica consistente e rigorosa que contemple os debates contemporâneos e o leque diversificado das subáreas de conhecimento que configuram atualmente a Antropologia (Etnologia Indígena, Antropologia Urbana, Antropologia Visual, Patrimônio, Antropologia do Estado etc.);
- uma formação consistente e sistemática em pesquisa antropológica, com iniciação no método etnográfico de trabalho de campo intensivo, aspecto que singularizam a formação de antropólogos.
Em 2021, o bacharelado em Antropologia completou 10 anos. Desde a sua criação, o curso passou por algumas mudanças que visaram aprimorar a formação dos alunos, capacitando-os para a pesquisa científica e a intervenção qualificada nos debates contemporâneos, e também para atuar de modo ético e competente nas políticas sociais em diversas esferas e setores do país que demandam, cada vez mais, o conhecimento antropológico como base para uma ação socialmente justa e culturalmente diversa.